lundi 9 juillet 2007

13. O Culto da Deusa



Ó Deusa, para os kaulikas a morte é na verdade um médico, o lar é o paraíso
E as relações com a mulher são meritórias, ó Soberana de Kula.
(Kula-Arnava-Tantra)
"Seria preciso não começar. Não seguir ordem linear, o encadeamento da lógica aristotélica. Seria preciso, para falar do trabalho, sem traí-lo, aglutinar idéias, intuições, sonhos, delírios, montá-los, remontá-los, desmontá-los num mesmo lance, numa mesma preposição que não se definiria nunca mas se autodemonstraria descontínua e rigorosamente. Operar com uma inteligência que fragmentasse o todo e reencontrasse o todo no fragmento, operar dentro do infinito atual."
O texto acima, de autoria do crítico de arte Ronaldo Brito, analisa trabalhos do artista plástico Cildo Meireles; entretanto, poderia muito bem servir para descrever os processos tântricos.
Aqueles que trilham os caminhos tântricos encontram todas as perguntas e todas as respostas em si mesmos. E um dos veículos que eles possuem para chegar a esse nirvana, que está presente aqui e agora é a sua própria sexualidade. Mas quando utilizo o termo sexualidade o faço tendo em mente um conceito que vai além da questão a partir de uma abordagem psicanalista, ou a partir de uma abordagem comportamentalista e biológica.
Os heróis e as heroínas que cavalgam esse tigre (usando uma expressão de Evola) e conseguem aos poucos perceber os significados de sentir o mundo através da equação samsara = nirvana, estão perto daquilo que o discípulo buscava durante anos e não encontrava; desolado, perguntou ao seu mestre: “precioso mestre, durante todos esses anos eu meditei, fiz prostrações, oferendas e nunca tive um vislumbre se quer da experiência mística... onde mais devo procurar?” O mestre precioso sem deixar de lado o que fazia, respondeu jocosamente:
“ Tente no estrume de boi.”