lundi 9 juillet 2007



14. Choque
Ao incluir a sexualidade no caminho rumo à transcendência, o discípulo tântrico retoma um processo há muito abafado pelas religiões monoteístas e politeístas que associavam o feminino e o sexo com a impossibilidade de se atingir as metas religiosas; que associavam o feminino com o pecado, com o corpo, e com o demônio.
“Tente no estrume de boi.” Usando métodos de “choque”, onde aquele mundo conceitual conhecido e familiar é deixado de lado através de determinadas práticas, o tântrico utiliza tudo dentro de seu caldeirão para criar seu elixir da vida eterna. Para sacudir e acordar essa mente adormecida e condicionada. Além disso, o tântrico busca o contato com o princípio feminino; essa Shakti, essa anima, esse poder que pode se manifestar para os seres humanos através da kundalini.
Por isso mesmo que no sadhana a mulher ocupa um lugar de destaque - diferentemente ao que acontece em outros caminhos. E a capacidade de perder o controle, tão associada ao feminino (a relação etimológica, e sua raiz comum grega, entre histeria e útero, por exemplo), é a capacidade básica tanto para experiência orgástica profunda como para uma experiência espiritual elevada - que são a mesma coisa para o Tantra.