lundi 9 juillet 2007



7. Tipos Psicológicos

O tantrismo classifica o homem em quatro tipos: Pashu, é a grande maioria; é aquele que nasce, cresce e morre e só consegue “obedecer”. As grandes massas são constituídas desse tipo, que é facilmente manipulado. É o tipo mais triste de escravo – é aquele que se acha livre... para sempre repetir o mesmo padrão de comportamento pelo resto de sua vida; Virya, o segundo tipo, é o conhecido "do contra", é o revolucionário, o amante das palavras contestatórias, o reformador, o beat. De certa forma para esse tipo, a vida é um processo de fuga... de si mesmo; o terceiro tipo é o Bhava, que percebe o mundo, com os seus problemas e imperfeições, como um lugar de beleza, apesar de tudo. Esse tipo começa a sentir a necessidade de buscar a resposta em si mesmo, até porque ela não poderia estar em outro lugar. É um tipo ativo, que de alguma maneira procura ajudar o seu semelhante. Dhivya é o quarto tipo. Esse já percebeu a existência da luz e já se encaminha em sua direção – o espelho.

Essa classificação me lembra - guardada as proporções, é claro - a classificação que Darwin fez da evolução humana; ele também a dividiu em quatro estágios, que ele chamou de senso moral e que considerava a característica distintiva mais importante da espécie: o primeiro foi quando os hominídeos desenvolveram os instintos sociais que uniria os indivíduos aparentados; o segundo foi a evolução de um intelecto maior a partir da maturação e desenvolvimento de um cérebro maior, o terceiro se deu com o aparecimento dos primeiro esboços do que posteriormente viria a se tornar a linguagem, e o último foi alcançado quando determinados hábitos começaram a moldar as condutas dos indivíduos.

Se traçarmos um paralelo entre essas duas leituras de homem, teremos um resultado interessante, onde o primeiro tipo tântrico (Pashu), aquele tipo que se comporta quase de forma geral, a partir dos esquemas instintivos básicos, embora se ache livre em sua modernidade para seguir repetindo os padrões criados por outros até a sua morte, poderia se relacionar com o que Darwin classificou de comportamento a partir de agregação, que une todos os organismos de um mesmo nicho biológico - ou seja, somente aquele que tem o mesmo sangue que eu é o meu igual. Assim como o Pashu moderno que considera diabo o deus alheio.

Depois teríamos o tipo Vyria, que seria uma espécie de "do contra", mas que utiliza essa quase eterna contestação no sentido de fugir de seus próprios problemas não resolvidos; na leitura darwiniana esse tipo se associaria com a evolução do intelecto. A capacidade de "questionar" do tipo Vyria seria bem empregada se ele não se escondesse atrás de suas questões mal resolvidas.

Posteriormente encontraríamos no terceiro estágio de Darwin, o aparecimento da linguagem, uma relação com o Bhava, que percebe o mundo, com os seus problemas e imperfeições, como um lugar de beleza, apesar de tudo. E onde esse tipo começa a sentir a linguagem enquanto catalisadora e formadora de reflexão profunda e elaboração de conceitos que visaria uma compreensão dos problemas nos quais o questionador se encontra envolvido.

Por último teríamos o aparecimento das primeiras formas no barro da psique humana através de hábitos adquiridos. Ao relacionar esse tipo com o Dhivya, poderíamos supor que no caso do tipo tântrico, os "hábitos" seriam insights numinosos que estariam inscritos em sua própria existência e que poderiam ser acionados pelas técnicas tântricas. Infelizmente, dentro do homem darwiniano (ou seja, nós) esses hábitos adquiridos, foram mais para o lado do conquistar, pilhar e matar, do que para o lado de comungar, trocar e amar.