samedi 7 juillet 2007



3 - Definição básica.

Mas o que vem a ser o Tantra? Pode ser interpretado como aquilo pelo qual o conhecimento se expande e se espalha. Etimologicamente o termo significa tecer. Porém existem vários outros significados: continuum, trama, desenvolvimento. É o composto de: tan que significa desenvolver, crescer; e tra que significa instrumento, ferramenta.

Entretanto não vou me expandir em seus significados lingüisticos porque não interessa ao Tantra qualquer tipo de soberba intelectual. Qualquer tipo de excesso mental ou acadêmico. Pois se conhecer sânscrito fosse fundamental para perceber o Tantra, os sacerdotes da religião védica já teriam se convertido - o que não é o caso. Assim como não é necessário falar alemão para filosofar. Habilidades corporais também não são o fundamental para se conhecê-lo; pois se fossem, contorcionistas, ginastas, faquires e afins, já teriam realizado sua natureza básica - o que também não é o caso. É óbvio que o Yoga é uma forma maravilhosa para a união do sol e da lua internos, assim como é uma maneira eficaz de se manter o corpo saudável e bonito, e assim como pode ser mais uma forma de alimentarmos o nosso ego.

Pois o Tantra é em si basicamente “existencialista” – no melhor sentido do termo.

Tanto que o Tantra original se apresenta com um sânscrito medíocre e deficiente, do ponto de vista gramático e métrico; e são atribuídos à divindades e não a qualquer autor humano. Sua forma é sempre a do diálogo, da conversa, da troca. Os mestres tântricos, em seus primórdios na maioria mestras, conhecidos como tantrikas (embora formalmente um praticante seja conhecido como sadhaka [homem] ou sadhika [mulher]), tentaram resgatar um estilo de espiritualidade há muito perdido na história da humanidade. Espiritualidade que foi acentuadamente colocada embaixo do tapete pelas tradições monoteístas e politeístas de caráter patrilinear. Essa espiritualidade é o culto da Deusa, onde as primeiras sementes tântricas são plantadas. Uma espiritualidade pré-ariana.

Mas não se trata de sobrepor a mulher ao homem, ou o feminino ao masculino; trata-se de fazer o “alinhamento” desses dois princípios psicocósmicos. Trata-se de “perceber” aquilo que nos anima, o que os tântricos chamam de Shakti; e transformar essa percepção em ação, pelo processo de ascensão da chamada kundalini. Mas acho que estamos indo rápido demais... vamos fazer uma pausa e respirar fundo.

Certa vez uma conhecida que se interessava pelo o que hoje em dia anda muito na moda, o tal do esoterismo, me perguntou o que era Tantra. Embora a pergunta fosse sincera acho que a resposta a decepcionou. “Tantra é uma flor que desabrocha numa noite de outono sem luar” – respondi. Ela me olhou meio de lado achando que eu estava gracejando dela e me inquiriu “o que isso tem a ver com esoterismo?”.