35. Miragem

Temos então os cinco cadáveres de Shiva sustentando o trono da Mãe da existência nas paradisíacas florestas da Ilha das Pedras Preciosas, cuja areia dourada são banhadas pelo Oceano da Imortalidade, onde os ecos dos ventos sussurram: tu não és nem menina, nem donzela, nem velha; na verdade tu não és nem masculino, nem feminino, nem neutro; tu és inconcebível, poder incomensurado, ó Ser de tudo o que existe, livre de toda dualidade.

No Gautamya Tantra encontramos a oferenda para ser oferecida à Ela: após invocar a imagem da Deusa no Lótus do Coração, oferecemos o coração como o assento do Lótus da Divindade, oferecemos o lótus do topo da cabeça como água que lava seus pés, oferecemos nossos ventos como suas vestimentas, nosso olfato como seu perfume, nossa mente como uma flor, nossas energias como um incenso, nossa clara luz como luminária, oferecemos a ela o Oceano de Néctar como alimento, oferecemos o inaudível som do coração como seu sino, o princípio do ar como seu leque e abanador, oferecemos as agitações de nossa mente como sua dança, oferecemos como flores a liberdade da ilusão, do egoísmo, do apego, da insensibilidade, do orgulho, da arrogância, da hostilidade, da perturbação, da inveja e da voracidade, oferecemos a Deusa enfim, a suprema flor da inofensibilidade, a flor do controle dos sentidos, da piedade, do perdão, da compaixão e do conhecimento.