mardi 10 juillet 2007


56. E temos a morte.
Talvez a relação que o ocidente - em particular a leitura científica do mesmo - tem com a morte, deva-se a sua inclinação de ver a matéria como algo sem... vida. De perceber a existência humana somente como uma construção psicobiológica. Onde o início, meio e fim são infância, juventude, maturidade e velhice.
Porém, para todos nós a morte tem um grande impacto. Um impacto que pode até ser transformador. E para o Tantra a morte é um espelho no qual a significação da vida se reflete. Milarepa dizia que sua religião era viver e morrer sem arrependimento. Sogyal Rinpoche afirma que através da contemplação constante e praticando o desprendimento, descobrimos em nós mesmos "alguma coisa" que não podemos nomear, descrever ou conceituar, "algo" que começamos a perceber que está além de todas as mudanças e mortes do mundo.
Segundo o Tantra existe um tipo de energia, um tipo de luz que se encontra "dentro" de nós e que é "libertada" quando o corpo e os níveis mais densos da mente morrem. Então o som, a cor e a luz de nossa verdadeira natureza brotam. A própria ciência que nega a morte contudo já reconhece que a matéria, num certo sentido, é luz condensada a partir de determinados padrões. E por isso que a percepção da nossa natureza ilusória é uma realização profunda e indispensável para nos ajudar nesse processo. Pois a vida e a morte encontram-se em nossa própria mente.
A partir desse ponto podemos indagar por que necessitamos "nos purificar" se a nossa natureza básica é luminosa, se a nossa natureza básica já é pura? Porque nós mesmos criamos nossas emoções negativas por estarmos presos nessa tridimensionalidade e a partir dela, influenciados pela ignorância, pela raiva e pelo medo.
Essa emoções negativas acumulam-se no chamado sistema psicofísico, composto pelos canais sutis que concentram-se nos centros de energias do corpo - afirma o Tantra do Dzogchen. Segundo o tantrismo aprender a morrer é aprender a viver e aprender a agir, e o que experimentamos na morte não passa de nosso próprio pensamento conceitual.