lundi 9 juillet 2007


25. Papo Cabeça

A nossa realidade é moldada pelo tom estruturado e pelo ethos da sociedade que pertencemos. E na medida em que essa realidade é uma convenção validada por um consenso, mas em si mesma arbitrária, uma leitura de mundo que não se enquadre nessa construção pode representar um modo de ser impróprio e anti-social.

E o Tantra é um caminho, por excelência, subversivo. Suas técnicas, que buscam, entre outras coisas, o controle da atenção e da consciência e a prática desse controle, visam auxiliar o indivíduo a perceber – entre outros pontos - se ele está fazendo de sua vida aquilo o que os outros esperam que ele faça de sua vida. Se ele está agindo ou reagindo. Se ele é um mero voyer, um figurante, um protagonista, um espectador da peça de sua própria existência.

Pois, percebamos ou não, somos - na qualidade de indivíduos sociais - prisioneiros de “nossa” própria mente, emaranhados por inteiro, e sem nos darmos conta, atuando num continuo teatro fantasma interior que cria a distorção ilusória básica; e que pode interessar a várias "entidades"... humanas ou não.

E essa visão "própria", essa busca por autonomia, essa possibilidade de se conectar com o universo, mente cósmica, ou seja lá o que for, tem o seu preço. Al-Hallaj, um grande mestre do sufismo, ao se iluminar e sair pelas ruas gritando "EU SOU DEUS!", foi crucificado, esquartejado, decapitado, pichado e queimado. Ele havia apenas entrado em contato consigo mesmo, com a essência do sagrado.